PACTO GLOBAL – Cobertura COP 26, Glasgow, Escócia.

por | Mídia

Neste domingo, 31 de outubro, começa em Glasgow, Escócia, a 26a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 26, e ….

Ponderações a respeito da COP 26

Definitivamente, vocês não vão ler aqui o que se pode, fácil e rapidamente, encontrar em portais de notícias, comentários e posts em redes sociais, manchetes, noticiários de rádios ou TVs. O que a gente pretende é provocar reflexões que fogem da cobertura diária da mídia tradicional.

A largada dessa empreitada, que se estende até 12 de novembro, quando termina a COP 26, são ponderações a respeito do próprio evento.

A Conferência, fórum organizado pelas Nações Unidas (ONU), é um espaço político, que mobiliza e incentiva debates, discussões e reflexões; construção de estratégias, parcerias e troca de informações em torno das mudanças climáticas. Mas o tratado que será divulgado ao final desta conferência, a exemplo do que acontece em atividades similares organizadas pela ONU, não terá valor legal, ou seja, não terá força de lei. O caráter dos documentos é regulatório, mas ninguém é obrigado a seguir. Como exemplo, a gente pode citar o Acordo de Paris.

Então, se não tem força de lei, a COP 26 é relevante? O que pode acontecer a partir da Conferência?

Pela sua força política e de mobilização, a ONU consegue colocar em pauta assuntos que ultrapassam fronteiras dos Estados-nação e do autocentrismo humano. Afinal, o que são as limites territoriais em um mundo globalizado? Está aí a pandemia de covid-19, com seu impacto global na saúde física e mental das pessoas, na economia, nas relações de trabalho, na educação, na cultura, na política, nas relações internacionais…

Para o matemático, teórico político e filósofo inglês Thomas Hobbes (1588 – 1679), a natureza humana é má, individualista, autocentrada e, por isso, há a necessidade de um Estado forte e leis duras para manter a sociedade na linha. Do contrário, o caminho a ser escolhido é a barbárie. É de Hobbes a comparação entre o Estado e o Leviatã, monstro mítico e comum no imaginário dos navegantes europeus da Idade Média e nos tempos bíblicos.

Digamos que a ideia de que precisamos ser cerceados, vigiados, monitorados e amedrontados para impedir que, a todo momento, continuemos exercendo nossos “podres poderes“, é frustrante. Será que o ser humano carece todo o tempo de leis para se “incentivado” a fazer o que é o certo na perspectiva do bem comum? Sem fiscalização e punição não há compromisso?

Longe de nós ter a ousadia de oferecer uma resposta para esta indagação. O que dá para afirmar é que a COPI 26 está aí para ratificar – mais uma vez – o que a gente precisa ser e fazer: reorientar os propósitos e trabalhar para o bem comum, premissa que nos provoca a perceber o mundo para além do quintal da satisfação dos próprios desejos e necessidades individuais.

As Nações Unidas ajudam a traçar caminhos para o presente e o futuro, em busca de um mundo mais justo, mais igualitário. Este é o prisma a partir do qual devemos enxergar e perceber a importância da 26a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Em sua 26a edição, a COP vai promover debates e reflexões com representantes de governos, da sociedade civil, de instituições de pesquisa e da iniciativa privada, em busca do estabelecimento de metas mais ambiciosas para a redução da emissão de gases do efeito estufa, alternativas para financiar projetos em países em desenvolvimento e a regulamentação do mercado de carbono.

E para quem ainda não se convenceu sobre a importância estratégica da COP 26, a gente lembra que os critérios ESG, sigla em inglês para “environmental, social and governance” (ambiental, social e governança, em português), que vem sendo usada como parâmetro para mensurar as práticas ambientais, sociais e de governança empresariais, surgiu, pela primeira vez, em 2005, em um relatório intitulado “Who Cares Wins” (“Ganha quem se importa”, em tradução livre), resultado de uma iniciativa liderada pela Organização das Nações Unidas.