Remediação sustentável: tendência ou realidade?

por | Investigação Ambiental

A remediação sustentável é gerenciamento de uma área contaminada é um processo desenhado para mitigar os riscos provocados ao meio ambiente e à saúde humana pela presença de determinada substância contaminante. Este processo, quando analisado isoladamente, imprime a ideia de um impacto final positivo, dado que promove a redução dos riscos e a reabilitação de áreas antes contaminadas.

Acontece que, na natureza, nenhum fenômeno se dá isoladamente: já dizia Lavoisier, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma. Neste cenário, se colocarmos em perspectiva os mecanismos necessários para promover a reabilitação de uma área contaminada, considerando todo o gasto energético, de tempo, equipamentos, insumos e impactos secundários, será que a conta sempre fecha no positivo? A partir deste questionamento e com o objetivo de repensar a indústria de remediação, o Fórum de Remediação Sustentável (SURF), fundado em 2006, adota como missão assegurar que os conceitos de sustentabilidade sejam incorporados ao longo de toda a cadeia de decisão presente no processo de gerenciamento de uma área contaminada.

Pilares e conceito de remediação sustentável

Surge, assim, o conceito de remediação sustentável: prática focada na demonstração, a partir de indicadores ambientais, econômicos e sociais, que o benefício da remediação é maior do que o seu impacto e que a solução de remediação mais apropriada é selecionada por meio de um processo equilibrado de tomada de decisão (SURF-UK, 2010). De maneira geral, a remediação sustentável é concebida sob três pilares de sustentabilidade: ambiental, econômico e social.

O pilar ambiental se relaciona à importância de gerenciar os riscos à saúde humana e ao meio ambiente, minimizando os impactos de ciclo de vida associados com as operações de remediação, como as emissões de gases de efeito estufa, por exemplo.

O pilar econômico inclui os custos do projeto e os benefícios/efeitos que a remediação tem nas economias locais: empregabilidade e remuneração da força de trabalho envolvida nas operações.

O pilar social, por sua vez, leva em consideração os impactos sociais que um projeto de remediação pode ter na comunidade afetada e pessoas envolvidas, o que inclui os trabalhadores, a comunidade local e grupos vulneráveis – é neste pilar que se considera, por exemplo, a saúde e segurança dos trabalhadores, o impacto de vizinhança, a satisfação dos stakeholders, a inclusão social etc. (Hou & O’Connor, 2020).

A avaliação de sustentabilidade pode ser realizada a partir de indicadores qualitativos, semi-quantitativos e/ou quantitativos.

A avaliação qualitativa permite comparar critérios ambientais, econômicos e sociais de difícil mensuração, para identificar a técnica de remediação mais sustentável entre as alternativas consideradas. Já a avaliação quantitativa se baseia em cálculos e e análises empíricas dos impactos associados às ações implementadas, sejam eles positivos ou negativos. Adicionalmente, Melhores Práticas de Gestão podem ser incorporadas em todas as fases de gerenciamento de áreas contaminadas.

As Melhores Práticas de Gestão são medidas que guiam as estratégias em direção a decisões mais sustentáveis, como: utilização de materiais recicláveis, utilização de força de trabalho local, preferência por soluções baseadas em processos naturais, entre outras. De acordo com Hou & O’Connor, em um dos capítulos de um livro lançado em 2020 sobre remediação sustentável, um dos avanços mais proeminentes realizados neste campo nos últimos anos foi o desenvolvimento de uma avaliação quantitativa com base na identificação de impactos do ciclo de vida.

A partir da adoção desta estratégia, seria possível identificar padrões ótimos para reabilitação de uma área contaminada. Para isso, os pesquisadores combinaram análise de ciclo de vida com avaliação de risco à saúde humana para identificar padrões “verdes” de reabilitação.

A estratégia foi aplicada em uma área contaminada com chumbo, como estudo de caso: enquanto o valor regulatório permitido era de 255 mg/kg, um valor ótimo de 800 mg/kg foi calculado para o caso em tela, com aumento do benefício ambiental líquido em 3% e redução dos custos de remediação em mais de um terço (Hou et al., 2017).

A remediação sustentável não é uma tendência mas sim uma realidade: considerar os aspectos ambientais, econômicos e sociais no gerenciamento de áreas contaminadas se torna imperativo, com implicações importantes para o poder público, a sociedade civil, consultores e empreendedores.

A concepção e adoção de estratégias sustentáveis de remediação se apresentam como desafio e oportunidade – a NewFields Brasil, com seu time multidisciplinar de especialistas, está preparada para aplicar esta estratégia nos projetos dos seus clientes. Para saber mais, fique atento ao nosso LinkedIn ou se cadastre para receber nossas atualizações. Sustainable Remediation of Contaminated Soil and Groundwater. https://doi.org/10.1016/B978-0-12-817982-6.00002-1 Copyright © 2020 Elsevier Inc. All rights reserved.

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